Como obter o menor juro para o seu empréstimo

A partir desta segunda-feira os bancos Bradesco e Itaú começam a ofertar aos clientes suas novas taxas de juros para empréstimos e financiamentos, e a Caixa passa a estender seu horário de funcionamento para atender à demanda mais alta. O banco público, que foi o primeiro a reduzir os juros de várias linhas de crédito, abrirá uma hora mais cedo, às 9 horas, e mobilizará suas principais agências no dia 12 de maio, sábado, para atender aos clientes que não podem comparecer ao banco durante a semana.

Reportagens veiculadas recentemente vêm mostrando que essa queda dos juros, porém, não foi para todos. As queixas dos clientes variam desde desinformação dos gerentes sobre as novas taxas de juros à dificuldade de conseguirem taxas mais baixas no próprio banco ou ao tentar migrar a dívida para outra instituição. Em alguns bancos, as menores taxas são ofertadas, por exemplo, a clientes com conta salário, renda mais alta ou investimentos no banco.

Esse problema fica evidenciado quando se comparam as novas e as antigas taxas de juros. Nota-se que, em muitos casos, apenas a taxa mínima – concedida ao cliente de menor risco para a instituição – foi reduzida. Ou seja, não há vantagem para os clientes que pagam a taxa máxima ou uma taxa próxima do máximo. Por outro lado, nas instituições que baixaram tanto a taxa máxima quanto a mínima, em tese todos os clientes devem ser beneficiados, inclusive os clientes novos.

Em infográfico publicado recentemente com todas as novas taxas, segundo os bancos, isso fica notável. Por exemplo, o juro mensal do crédito pessoal no Bradesco caiu de 2,66% a 6,30% para 1,97% a 3,04%. Ou seja, todos os clientes terão vantagens. O mesmo acontece com todas as linhas da Caixa. No entanto, o mesmo crédito pessoal no HSBC teve apenas a taxa mínima reduzida – de 2,45% para 1,99% ao mês; a taxa máxima permaneceu inalterada em 5,93%.

Conforme reportagem anterior de EXAME.com, o cliente que já tem uma dívida pode tentar se beneficiar da nova fase de três maneiras: tentando renegociar com seu gerente as taxas do empréstimo já existente; substituindo sua dívida por outra mais barata na mesma instituição; ou usando o direito da portabilidade para transferir sua dívida para outro banco que cobre taxas mais baixas.

“Se o cliente estiver buscando informações sobre as novas taxas e o gerente da agência alegar desconhecimento, o consumidor deve abrir uma denúncia por meio da ouvidoria do Banco Central”, orienta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE.

Mas o fato de ser cliente novo ou antigo, com conta salário ou não, nem sempre é o determinante para se conseguir uma taxa mais barata, ou mesmo a taxa mínima. Há uma série de fatores que influenciam a definição da taxa de juros. Alguns podem ser controlados pelo cliente; outros não.

Relacionamento bancário

É claro que a duração e a natureza do relacionamento – se o cliente tem investimentos e seguros na instituição, por exemplo – influenciam na determinação da taxa de juros e principalmente no limite de crédito. Enquanto o cadastro positivo não é regulamentado, é o relacionamento entre o banco e o cliente, aliado à análise de crédito, os principais determinantes do limite de crédito e das taxas de juros de um empréstimo.

Ambas as análises são feitas por meio de cruzamentos estatísticos. A análise do relacionamento pode considerar, por exemplo, se um caso de inadimplência ou de atraso do passado foi pontual ou não. No caso da análise de risco de crédito, o sistema pondera variáveis como fonte de renda e hábitos de crédito, além da consulta aos cadastros de inadimplentes.

A análise de crédito, porém, serve mais para determinar a concessão de crédito e os limites do que propriamente as taxas de juros. “As pessoas mais jovens, de 18 a 25 anos, por exemplo, são monitoradas mais de perto quando o banco concede crédito”, diz Rauelison Muniz, diretor de riscos da Caixa, uma vez que os mais jovens representam maior risco de crédito.

Salário

Realmente alguns dos bancos que baixaram os juros para a pessoa física oferecem as taxas mais reduzidas para os clientes que recebem o salário pela instituição. É o caso do BB, da Caixa, do Santander e do Itaú, que passaram a oferecer taxas diferenciadas para clientes que recebem o salário pelo banco em linhas como crédito pessoal, rotativo do cartão de crédito e cheque especial.

No BB, quem recebe o salário pelo banco e opta pelo pacote de taxas reduzidas tem acesso ao cartão com a menor taxa para o rotativo: 2,94% ao mês. Na Caixa, esse público tem acesso à menor taxa do crédito pessoal, de 1,80% ao mês. No Itaú, quem tem conta salário tem acesso às menores taxas de cheque especial e rotativo, de 1,95% e 3,85% respectivamente. E no Santander, a única mudança até agora foi o oferecimento de uma taxa de 4,00% ao mês no cheque especial para quem recebe o salário pelo banco.

Além de juros mais baixos, clientes com conta salário costumam contar com uma série de outras vantagens, como pacote de tarifas mais barato, taxas de administração mais baixas em fundos de investimentos e descontos em seguros e consórcios.

Prazo do financiamento


Mas não é só o relacionamento ou o fato de ter ou não conta salário que fazem diferença na determinação dos juros. Nos bancos em que tanto as taxas mínimas quanto as máximas foram reduzidas, todos os clientes poderão ser beneficiados. E alguns fatores que determinam os juros podem ser controlados pelo próprio cliente. É o caso do prazo do financiamento. Quanto mais longo o prazo de um financiamento, maior o risco para a instituição e, portanto, mais altas as taxas de juros.

Valor de entrada

Nas linhas de crédito em que é possível dar um valor de entrada, como o financiamento de veículos, opte por sempre dar a maior entrada possível. Financiar 70% do valor de um carro sai mais barato do que financiar 100%, por exemplo. “Se o cliente põe um valor de entrada, isso já mostra que ele tem uma capacidade de pagamento”, diz Fabio Lenza, vice-presidente da Caixa.

Financiamento X empréstimo

Financiamentos – crédito para objetivos definidos – invariavelmente são mais baratos que os empréstimos, sem finalidade determinada. “As linhas mais livres, sem garantias, têm uma propensão maior à inadimplência. Linhas com fins específicos – voltadas, por exemplo, para uma reforma ou para montar um negócio, têm índices de inadimplência mais baixos.”, diz Lenza.

Garantias

Quando o financiamento conta com uma garantia, suas taxas de juros também saem mais em conta. É o que acontece, por exemplo, com o financiamento habitacional e o de veículos. Também existem linhas em que você pode colocar o seu veículo ou imóvel já quitado como garantia, ou mesmo usar um avalista.

Os financiamentos de bens com alienação fiduciária já estão entre os mais baratos do mercado. Nesses casos, as taxas de juros dependem do prazo e também da qualidade da garantia. A taxa mínima do crédito Auto dos maiores bancos está bem parecida, orbitando entre 0,90% e 1,00% ao mês em quatro deles. Normalmente essa taxa é obtida pelo cliente que financia apenas 50% de um carro novo ou com até cinco anos de uso e o menor prazo disponível na instituição.

Os financiamentos de veículos são ainda mais sensíveis aos prazos, uma vez que carros depreciam com o tempo. Faz muita diferença, portanto, se o carro é novo ou usado, e quantos anos tem de fabricação. “Alguns bancos e financeiras especializados em financiamento de veículos chegam a considerar até se o carro deprecia muito ou pouco, a região do país onde o financiamento é concedido e a marca do veículo”, diz Fabio Lenza.

Imóveis, por outro lado, são garantias mais sólidas, pois podem até valorizar com o tempo. A mesma lógica funciona quando esses bens são aportados como garantias de empréstimos pessoais. Outra garantia que funciona bem para baixar os juros é o próprio salário. O crédito consignado é a linha mais barata do país, justamente porque o pagamento das parcelas é feito com desconto em folha. As linhas mais baratas são voltadas para os aposentados pelo INSS, mas há taxas em conta para quem é servido público ou recebe por empresas conveniadas aos bancos.

Ao baixar os juros, a Caixa lançou também um programa de orientação financeira que visa a adequar os objetivos dos clientes às linhas de crédito existentes. Dentro desse programa são oferecidas as linhas de crédito pessoal com garantia, que são mais baratas do que o crédito pessoal comum, mesmo após as reduções de juros.

Enquanto o crédito pessoal comum tem taxas que variam de 1,80% a 3,88% ao mês, o crédito consignado para o público geral – excetuando-se aposentados – tem taxas que variam de 1,20% a 1,95% ao mês. O crédito aporte – com imóvel como garantia – tem taxas que variam de 1,35% a 1,55% ao mês, e o crédito aporte auto – com carro como garantia – tem taxas de 1,84% a 2,11% ao mês. O crédito pessoal com avalista, mesmo com taxa mínima mais alta, de 2,33% ao mês, tem uma taxa máxima de 2,53% ao mês.

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